Uma nova visão sobre viagem

Insônia, pesadelo, brigas com o travesseiro, voltas na cama e uma incrível ansiedade sobre o futuro. Rascunho esse desabafo as 5 horas da manhã, quando mais uma vez, fui pega pela dúvida da normose cotidiana.

Há exatamente um ano atrás, respirávamos cada detalhe do planejamento de uma viagem que para muitos era uma loucura insana de sair de casa com uma barraca no porta malas. Para outros, uma experiência ou algo normal feita por jovens ainda sem filhos. Ou talvez, apenas umas férias prolongadas de quem tá precisando respirar novos ares. Não. Não foi isso.

Hoje eu vejo como uma espécie de fuga. Partindo de uma tentativa de escape dos problemas internos, da rotina assustadora e do convívio de particularidades incomuns. Viajamos por 5 lindos e encantadores meses, nos estabelecendo em média por uma semana em cada local, conhecendo pessoas e culturas. Abrindo espaço para o novo enquanto ainda preservávamos o antigo, (leia-se preservávamos o antigo como quem levou o trabalho junto, e passava 6 lindas horas diárias na frente do computador).

DSC_0065 (Medium)

A verdade é que, por mais louco e cansativo que tenha sido, viajar e trabalhar foi ótimo e nos levou para um oceano azul de ideais. Abrir os olhos e perceber o mundo ao redor, a sensibilidade pelas cores da natureza, o cheiro do novo e o suor da emoção pelo que está por vir, jamais terão cotação no mercado. Hoje, falar para as pessoas que viajamos durante 5 meses com dinheiro contado, levando a casa e o trabalho junto, e mostrar todas as fotos tiradas, é como reviver cada momento novamente.

Nosso sentimento de gratidão por todos os que apoiaram, aos colegas de trabalho que estavam sempre dispostos a ajudar quando não encontrávamos internet e aqueles que enviavam links de locais imperdíveis, o nosso muito obrigado!

Estrada no Peru

As dores de voltar para a vida normal

Esses quase 20 mil quilômetros nos permitiram tempo o suficiente para longas conversas, reflexões, e também, para algumas dúvidas. Dúvidas do que estaria por vir, das decisões, se continuaríamos viajando logo em seguida ou voltaríamos para a vida normal por mais algum tempo.

Meio que sem opção, voltamos pra rotina. Trabalho, casa, trabalho, conta de luz, trabalho, festinha no fim de semana, trabalho, amigos, praia e… Mais trabalho!? Quem não?

É óbvio que conforto e estabilidade são bons. Dormir na sua própria cama, não ter incertezas sobre o amanhã, fazer yoga, correr na praia e estar com a família, são fatos que também não tem preço.

A questão é, que aqui dentro, as coisas mudaram e eu não percebi. Voltamos para casa e sem querer, enfiamos novamente a cara no trabalho, mais uma vez na estaca zero da mesmice, e sem a gente perceber, o universo tratou de agir. As dores físicas vieram, e a falta de paciência com coisas que nunca foram colocadas para fora começaram a surgir.

A rotina se tornou tão absurda novamente, que por um momento nos tornamos hipócritas com nosso próprio eu, deixando de olhar para dentro para cuidar de “coisas”. Gastamos tanta energia finalizando tarefas, que esquecemos de olhar para dentro de nós mesmos.

Hoje compreendemos que este projeto carinhosamente chamado de working trip (veja completo aqui) para nós foi mais uma viagem interna do que externa. Entendemos que nossa busca por diferentes experiências e realidades, precisam ser constantes e não podemos deixar nossa mente marcar apenas um caminho.

Agora, desabafando isso para você, leitor, que chegou até aqui, eu te faço uma promessa para dedicar tempo a este amor, planejar novas viagens pouco comuns e incentivar todos que desejam viajar.

 

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