De quando decidimos partir em busca do novo
Lembro da época da faculdade, há uns 6 ou 7 anos, quando me perguntavam sobre o futuro eu dizia sem mesmo pensar: vou me formar e virar hippie! É claro, todo mundo fez essa brincadeira um dia. Todo mundo sonha em um dia jogar tudo para o ar, correr com os braços para cima e gritar o mais alto que puder à liberdade.
O tempo se passou, veio a formatura, pós graduação, cursos, trabalho… Tudo isso somado com a casa para limpar, a conta de luz e a chatisse da rotina de horários. Essa coisa de ser gente grande é muito, muito, muito chata!
O fato é que sempre sonhamos com a tal da essência da vida. O sonho de cair na estrada, viver novas aventuras, conhecer pessoas e sentir o coração pulsar forte por algo verdadeiro sempre existiu.
Tentamos planejar uma aventura várias vezes nos últimos anos. Nunca dava. Um dia era o trabalho que estava estupidamente lotado e não nos abria espaço para pensarmos em nós mesmos. Ora alguém da família que estava doente, ou então, porque havíamos torrado todas as miúdas economias em algo fútil e teríamos que voltar a guardar dinheiro para pensar em sair de casa.
A hora do basta e a decisão
Casa trabalho, trabalho casa, e ainda levar trabalho para onde deveríamos estar descansando? Não. Aquilo não estava correto. Perder o sono e trocar refeições por conta de algo que não te traz sentido à vida não é justo e nada saudável. Foi neste momento que nos aproximamos de histórias de pessoas que saíram com uma mochila nas costas, pouco dinheiro e conseguiram! Uns voltaram, outros seguiram. Mas todos com experiências tão únicas, que só quem viveu tem noção.
Juntamos todas aquelas listas guardadas de coisas e documentos necessários para viajar. Riscamos a maioria daquelas que o orçamento não nos permitiria, fizemos alguns cálculos aproximados do que iríamos e poderíamos gastar. E decidimos!
Vamos viajar com o que temos. Com o carro que está na garagem, a barraca minúscula que tá enfiada no armário, um fogão de uma boca, as menores panelas da cozinha, uma geladeira de 6 litros emprestada, poucas roupas, vamos fazer muitas fotos, talvez alguns projetos extras, e continuaremos trabalhando na Cronic. Viveremos do nosso salário e vamos viajar por um mês. Se der certo deu! Este era o nosso primeiro plano.
E foi assim, com muita organização, cálculos exatos do que poderíamos ou não gastar, pessoas chaves no trabalho e na família que estiveram sempre ao nosso lado, muita energia positiva para que tudo ocorresse da melhor forma e partimos. No dia 14 de março, saímos rumo à nossa primeira viagem. Se desse certo daria, se não desse, iríamos entender que ainda não estávamos preparados para aquilo.
No dia a dia as coisas foram se encaixando. Conseguimos manter o trabalho, vimos que o orçamento proposto tava mais apertado do que o imaginado, conhecemos lugares e pessoas fantásticas, aqueles amigos e familiares que não tinham compreendido o porquê de estarmos fazendo isso começaram dar valor ao nosso objetivo, e seguimos. Andamos mais tempo e mais quilômetros do que o imaginado. E estamos bem. Vivendo com pouco, e aprendendo a cada dia que a felicidade mora dentro de nós, e não importa aonde estamos.
Se vamos voltar? Vamos. E quando voltarmos, sabemos que o tédio irá nos consumir, que o cimento em volta irá nos manter presos, mas temos a certeza de quando esse dia chegar, vamos estacionar em casa, abraçar a família, dormir em nossa cama, respirar fundo e começar a traçar a próxima rota, os novos objetivos e novas culturas. E assim, continuaremos construindo o nosso Paraíso na Terra.
Namastê!
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